domingo, 28 de fevereiro de 2010

Transfigurações













Jorge Ulisses
O Poeta (peça inacabada) - 1992

                  *

ao ritmo apressado da meceta
corre uma alga alegre de suor
nasce espesso o rosto de um poeta
no mármore esculpido a rigor

e dos versos feitos à vedra
com sílabas a tempo inteiro
há macetas a rimar com pedra
e  retratos com ponteiro

passa o olhar noutro olhar
que o sol tráz lada a lado
é o retrato de um olhar
que na pedra está lavrado

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Este é o meu candidato!














Fernando Nobre tem o meu apoio.
Para ele aqui fica registado este poema.

Há Sempre Outro Caminho

Tens a seara nas mãos e o nosso grito
um olhar de orvalho, a flor do trigo
um menino de olhar negro teu amigo
um outro a olhar-te ao longe de aflito.

Tens a seara nas mãos e a cor do vento
a chama que te leva a oferecer
o coração, a alma, o pensamento,
a luz força de estar sem se render.

Porque já tudo deste e deste bem...
ah, Amigo, a vida é uma viagem
um cruzeiro nas águas da alegria!

E muito mais ainda tens para dar...
a seara caminha nesta margem
e a caminhar se faz um outro dia.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Teu Corpo de Mar

cobriam-te os olhos
devagar as ondas
teu corpo de sol

cobriam-te os lábios
devagar as algas
teu corpo de sal

cobria-te o rosto
devagar a espuma
teu corpo de areia

teu corpo de mar
cobriam-te toda
devagar
as águas do mar

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Manifestações











Nada sei de palavras nem de vento
sou apenas um peregrino do silêncio
atento aos corvos que povoam a cidade
e vagueio por estas ruas
que esperam a sua total destruição.

Nada sei de fretes nem de favores
nada sei de punhais nem de traições
apenas ocupo este espaço
onde me entrego à leitura de um poema
que pela manhã me aconteceu