domingo, 7 de novembro de 2010

Voz Insubmissa

Para quem, como ele, na vida tanto amou a liberdade e, por ela, caminhou até ao limite dos seus dias, com o olhar fixado nas coisa mais simples e mais belas em que a vida, dia a dia, se propunha a convidar, é-me grato dizer que, Artur Garibaldi, é o poeta da exigência e da renovação, revelando-se  sempre como uma voz insubmissa e consequente, a marcar elevados  rumos que assentam em parâmetros de uma escrita  solidária.
Conheci-o em Felgueiras. Um Mestre e um amigo de muitos anos e de muitos combates. Amiúde, marcávamos encontros literários. Umas vezes em Felgueiras, Santa Quitéria; outras vezes em Braga, na Brasileira. E participamos em vários debates de índole cultural, acabando por marcar presença em  algumas antologias poéticas.

Ainda me lembro de uma história passada no dia em que nós, seus  amigos, em Braga,  lhe prestamos justa e merecida homenagem. Cá fora, à porta do restaurante, ele deixou arrastar o olhar pela paisagem e segredou-me em tom baixo, assim como quem revela um segredo: «É muito bonito este lugar!» Pois é, Artur  Garibaldi estava muito longe de saber que, mais tarde, nesse lugar havia de  nascer uma rua que recebeu o seu distinto nome.
Dez anos depois de Garibaldi  se despedir deste mundo (1992), seus filhos, António Manuel e Maria Alice, deram-me a subida honra de me convidar para seleccionar e coordenar alguns dos mais belos poemas deste ilustre  poeta e jornalista, para edição em  livro, tarefa a que prontamente aderi  e pude dar o  título de Voz Insubmissa, honrando a sua memória. Aqui deixo registado um dos poemas publicados na referida obra:

Confissão

«Enquanto escrevo
Faço-o mas não para agradar a alguém
E às vezes até sou desagradável.
Algo na vida há que é miserável.
E eu vivo um sonho que escrevo e levo:
Eu amo o bem.»

Sem comentários:

Enviar um comentário