Os Olhos Dos
Poetas
Ardem as palavras.
E os teus olhos mortos.
Viver é ouvir os
poetas cantar quando é manhã.
O teu olhar fica
muito para lá do mar
quando uma ave nos
revela o teu cansaço.
Sei que acolhes as
palavras no baú mais fundo
da tua alma: Belas,
simples e quase marginais.
E agora a poesia
és tu e os teus olhos vivos.
Há dois nomes para
os poetas. Uns são Misteriosos.
Outros, simplesmente
Loucos pela poesia.
Os primeiros
cantam a beleza das coisas simples e grandes
Os segundos cantam
a grandeza das coisas simples e belas
Mas todos provam o
vinho do instante sagrado
ou o choro deste
país a perder a sua identidade.
Sei do enigma dos
teus olhos mortos e vivos
sempre que ao
longe dos nossos se afastam.
Os teus poemas imensamente
belos
encheram a noite: o
tempo que dá cor aos teus olhos
mortos, vivos,
azuis, verdes ou castanhos.
Hás-de ver como
este país despreza os seus poetas.
E amanhã, logo
pela manhã, não terás outro bulício
senão o aroma dessa
poesia que enche a terra
com os teus poemas
imensamente belos.
Álvaro de Oliveira
Poema
lido pelo autor
Na Biblioteca
Lúcio Craveiro da Silva
Assinalando
o Dia Mundial da Poesia