sábado, 23 de março de 2013



 Os Olhos Dos Poetas


Ardem as palavras. E os teus olhos mortos.    
Viver é ouvir os poetas cantar quando é manhã.

O teu olhar fica muito para lá do mar
quando uma ave nos revela o teu cansaço.    

Sei que acolhes as palavras no baú mais fundo
da tua alma: Belas, simples e quase marginais.
E agora a poesia és tu e os teus olhos vivos.

Há dois nomes para os poetas. Uns são Misteriosos.
Outros, simplesmente Loucos pela poesia.

Os primeiros cantam a beleza das coisas simples e grandes
Os segundos cantam a grandeza das coisas simples e belas
Mas todos provam o vinho do instante sagrado
ou o choro deste país a perder a sua identidade.

Sei do enigma dos teus olhos mortos e vivos
sempre que ao longe dos nossos se afastam.

Os teus poemas imensamente belos
encheram a noite: o tempo que dá cor aos teus olhos
mortos, vivos, azuis, verdes ou castanhos.

Hás-de ver como este país despreza os seus poetas.
E amanhã, logo pela manhã, não terás outro bulício
senão o aroma dessa poesia que enche a terra
com os teus poemas imensamente belos.

                           Álvaro de Oliveira

Poema lido pelo autor
Na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva
Assinalando o Dia Mundial da Poesia