quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

até quando?

hoje não sei o que escrever. a tarde pesa-me nos ombros, foje-me dos pés e o caminho alonga-se ante o meu olhar. agora passa por mim a madrugada, sem que eu lhe dê a mão, sem que lhe dê uma palavra sobre os milhares de homens, mulheres e crianças sem abrigo que por dentro dela passam solitários ao frio e com fome. procuro escrever e logo risco a primeira letra. quero falar e logo me remeto ao silêncio. questiono e questiono-me: valerá a pena falar de quem nos rouba? chamar ladrão a quem governa? insultar os senhores do  BCE e do FMI? excomungar os donos dos  mercados que não dão a cara? e que mais de tão mau podemos esperar destes velhos trastes? os patrões avançam: «é preciso liberalizar os despedimentos sem indemnizações. contudo, não deixo  que a revolta morra na primeira hora. então, consigo, pelo menos, chamar-lhes canalhas. vou constituindo uma frase e, agora, apercebo-me que lhe posso dar substância. se calhar hão-de roubar-nos mais... se calhar vou inventar outro pejorativo para lhes colocar na testa. ladrão sabe-me a pouco. talvez pulhas, uns reles salteadores armados em intelectuais. até quando?

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