Os Dias e as Sombras
As mãos espalmadas na parede
a rua agitando teias de orvalho
e a rapariga de cabelo ao vento
com o olhar ingenuamente puro
caído sobre a mansidão das
árvores.
Teias de orvalho e o silêncio
resgatado ao olhar de acaso,
informe e dúctil da rapariga,
o fino traço e talvez o último
passo
dado por esta rua que a noite vai acumulando.
Dou pelo quebrar maciço das árvores
ouvindo uma voz selvagem e desconhecida,
as mãos espalmadas na parede,
a nítida cor dos dedos na parede,
e os dias inúteis ali perto de mim,
os dias e as árvores nas mãos da rapariga.
Álvaro de Oliveira
Este poema foi lido pelo autor
na Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva
no dia Mundial da Poesia - Braga
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