terça-feira, 5 de outubro de 2010

sobre o teu busto




reparo no rosto do teu busto em homenagem à minha terra e ao meu povo. e a água ainda muito longe dos teus olhos castanhos, verdes, azuis, ou pretos. Talvez castanhos como os nossos. e o cabelo? qual é a verdadeira cor do teu cabelo. talvez preto... ou já branco como o nosso. nem o perdeste quando cretinos e pulhas, durante quase 50 anos, tomaram a república de assalto. aí caminhavas com o corpo atado à roupa, num andar sempre movido por uma música estranha e clandestina. então a  pena movia-se pela mão dos poetas quando o teu nome ardia enrolado na mortalha de um cigarro que um bufo qualquer acendia no umbigo da ditadura. sinto sede. e a água ainda longe dos teus olhos, vagos e cansados de esperar. e tu, uma manta enrolada no teu corpo enquanto a vida se refaz no intervalo  de uma dança, a toque de caixa. ou a toque de banqueiros gananciosos.

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