quarta-feira, 12 de maio de 2010

Os Dias e as Sombras

 A mão espalmada na parede
a rua agitando teias de orvalho
e a rapariga de cabelo ao vento
com o olhar ingenuamente puro 
caído sobre a mansidão das árvores.

Teias de orvalho e o silêncio
resgatado ao olhar de acaso
informe e dúctil da rapariga,
o fino traço e talvez o último passo
dado por esta rua que a noite vem acumulando.

Dou pelo quebrar maciço das árvores
ouvindo uma voz selvagem e desconhecida,
a mão espalmada na parede,
a nítida cor dos dedos na parede,
e os dias inúteis ali perto de mim,
os dias e as árvores nas mãos da rapariga.

             (Baladas de Orvalho)

1 comentário:

  1. Gosto desta "Balada de Orvalho",
    sempre escrito com aquela leveza dum voo.

    Bonito poema !

    Um beijo !

    ResponderEliminar