um olhar cai sobre o país que despreza os seus poetas
agora ardem as palavras pela noite e os teus olhos mortos
viver é estar neste país com um poema em cada mão
ouvindo os melros cantar quando é abril
o teu olhar ficava além do mar quando o sol ao fim da tarde adormecia
sei que vão recolher-se as aves no interior da tua memória
sei que há um nome para todos os pássaros e provo o mel das montanhas
olhando as águas de um país ainda dividido - o das palavras inquietas e frias
e sei do enigma dos teus olhos mortos sempre que ao longe de nós se afastam
dois poemas que li imensamente belos perfuraram a noite
o tempo que espera a cor dos teus olhos mortos
hás-de ver como este país despreza os seus poetas
e não terás outro bulício senão o aroma dos seus poemas imensamente belos.
(Baladas de Orvalho -2006 )
Nascente do rio Mondego na Serra da Estrela
Há 3 meses
"Baladas de Orvalho"...
ResponderEliminargosto destes versos da "Anisa"...
quém é a "Anisa" ?
beijos
Olá, Lena!
ResponderEliminarEm Baladas de Orvalho, a sequência "Passos de Anisa", trata-se de uma homenagem à Mulher. E os poemas sem título, mas numerados, referentes ao nome Anisa obejectivam e protagonizam isso mesmo. Eis a resposta à tua pertinente pergunta. O que muito me agrada.
Um beijo.